Tanquã


O Documentário


Tanquã - Um Paraíso Piracicabano





Conhecendo o Tanquã


O bairro Tanquã está situado na cidade de Piracicaba (acesso SP 304 - Piracicaba/ São Pedro) e foi constituído no início da década de 1960 por uma população que não era favorecida pelo desenvolvimento das cidades vizinhas. 
A partir de então, a pesca passou a ser o meio de sobrevivência dos moradores do bairro.

O Tanquã é basicamente um vilarejo que possui dezenas de moradias à beira rio, o que proporciona aos moradores contato mais que direto com a natureza e espécies singulares que a compõe, como tuiuiú, ariranha, andorinha, garça, jaburu, tucano, papagaio, arara, paturi, marreco, ferrão, além de jacarés, capivaras, etc.






















Conhecendo os moradores

Em um primeiro contato com os moradores do Tanquã, foi possível começar a compreender seu estilo de vida, o que pensam em relação aos moradores da cidade e como se sentem em relação ao local.

Em suma, o ponto em comum entre os moradores entrevistados era considerar o Tanquã um verdadeiro paraíso.


Dona Sebastiana


A D. Sebastiana é pescadora profissional aposentada e mora há 45 anos no Tanquã. Constitui toda sua família lá e gostaria que as próximas gerações continuassem morando no bairro.

Para ela, é o lugar mais bonito do mundo, e não trocaria por nada o 'seu' Tanquã.




Alemão












Mais conhecido com "Alemão", Nilson Abraão vive no Tanquã há 16 anos e, assim como Dona Sebastiana, também é pescador profissional.

Diz que lá é um 'paraíso ecológico' e ressalta que a rotina é completamente diferente da rotina da cidade. No Tanquã, eles têm uma rotina prazerosa. Acordam cedo, pescam, ficam em contato com a natureza, têm tranquilidade para dormir.




Sr. Anísio















Pai de quatro filhos, hoje Sr. Anísio mora sozinho, mas já está no Tanquã há 45 anos.

Não trocaria o Tanquã por nada. Foi pescador profissional durante 20 anos e hoje vende queijo e leite para sobreviver.

Dos entrevistados, foi o único que ficou tímido em frente às câmeras.

O Tanquã significa 'liberdade' pra ele.




Como é viver da pesca no Tanquã?



Pesca artesanal pode ser definida como dependência da prática de captura de peixes nativos de rios, oceanos e lagos. Comunidades que sobrevivem da pesca artesanal tendem estabelecer uma profunda relação quando se trata da relação comunidade versus meio ambiente.

No Tanquã é possível notar que a pesca ainda é um artigo de subsistência (como mostrado pelos entrevistados acima), sendo praticada por várias gerações, tornando-se mais que um trabalho e sim uma tradição entre  as famílias. 

Os pescadores do Tanquã se deparam com diversos fatores agravantes no decorrer do ano produtivo, uma vez que se trata de um trabalho sazonal que depende de diversas condições: climáticas, políticas e ambientais. 

Eles precisam lidar com a dificuldade de épocas como a “piracema”, que proíbe a pesca esportiva e profissional em tempos de reprodução pisciana. 

Ao longo da “piracema”, os pescadores associados recebem ajuda financeira que possibilita sua sobrevivência durante esse período, no entanto, a ajuda oferecida não se compara ao salário adquirido com a pesca.

Fundo casa D. Sebastiana





A construção da barragem


O projeto de construção da barragem existe há 20 anos e ainda traz opiniões contrárias quanto a sua realização.

Os moradores do bairro são contra, pois teriam que abandonar suas vidas no local, e esse abandono traria incômodo, já que são apaixonados pelo lugar.

O intuito é realizar a construção de cinco barragens, dentre elas, a do Tanquã (Anhembi). Esse projeto partiu do governo do Estado de São Paulo para tornar navegável o rio da zona rural de Anhembi (232 km da capital paulista) a Salto, facilitando assim o Departamento Hidroviário do Estado.

A expectativa é que até o final desse ano as licenças tenham sido aprovadas para que, em 2015, as obras estejam bem avançadas.

Com a barragem, o “pantanal” piracicabano será transformado em um lago para navegação, ou seja, não será mais um local para habitação.

Os moradores terão que se deslocar, modificando totalmente seu estilo de vida.

De acordo com o presidente da Associação de Recuperação Florestal da Bacia do Rio Piracicaba e Região (Florespi), Ricardo Otto Leão Schimidt, a sobrevivência dos animais irá depender da compensação ambiental que será feita a partir da instalação da barragem.

O governo garante que haverá a compensação ambiental em uma área próxima à atual e isso será feito da melhor maneira possível, afim de não perder a essência do que representa e representou o Tanquã.

O que mais pesa para a construção ou não é o aspecto ambiental. Projetos anteriormente apresentados não garantiram a compensação e foram muito criticados, pois, apesar da perda do Tanquã, a natureza local não precisa ser prejudicada.

Para Schmidt, é preciso ver o que prevê o projeto neste caso. “Precisamos ver esses relatórios prontos para depois sentarmos e discutirmos. Projetos anteriores foram muito ruins no aspecto ambiental e, por isso, foram criticados. Com a criação desta barragem perderemos Tanquã, mas a natureza precisa ser recompensada à altura.”






Biblioteca no Tanquã?


"Na comunidade de Tanquã, localizada às margens do rio Piracicaba, essa biblioteca não é uma obra de ficção da recém-terminada novela A Favorita. Ela existe e movimenta a vida de seus moradores, que sobrevivem da pesca em sua maioria. O acervo fica na casa do pescador Nilson Abraão, 47, que, na falta de prateleiras e outras melhorias, guarda os volumes em caixas de papelão. Falta estrutura, sim, mas sobra vontade de aprender.
Abraão, conhecido naquele vilarejo como Alemão, é tesoureiro da Associação de Pescadores e Moradores do Bairro Tanquã, distante aproximadamente 55 quilômetros de Piracicaba. “Essa biblioteca é para o público, para ocupar a cabeça das crianças e até servir de lazer para as pessoas que possuem rancho em Tanquã, que estão aqui nos finais de semana e férias”, explica.
A sala da casa de Alemão funciona como sala de leitura se a pessoa preferir fazer sua consulta por lá mesmo, no sofá ou em uma cadeira. Se preferir levar o livro para casa, o bibliotecário Alemão entra em cena e anota a data da retirada e o prazo de entrega.
Tanto empenho tem um motivo: Alemão, que só cursou até a quarta série do ensino fundamental porque teve de pescar para sobreviver, sabe a falta que um diploma faz. Mas a pouca instrução não impede que ele mesmo se aventure no mundo da leitura, optando por volumes com letras maiores e ricos em ilustrações. Mas Alemão também garante que um dia vai ler “Os Sertões”, épico de Euclides da Cunha, que consta no acervo." - matéria publicada no blog Dando Nota, em janeiro de 2009.


Biblioteca: Um Tanquã que sonhava ler.





Em uma entrevista com Lídia Maria G. Provenzano, artista plástica citada no vídeo acima pelo pescador Nilson Abraão “Alemão”, podemos entender um pouco mais da importância do local para os moradores, tendo como ponto de vista alguém que se inseriu na comunidade a partir de um sentimento que surgiu em seu primeiro contato com o local há sete anos atrás e que permanece até hoje.






O que despertou interesse em você pelo bairro?

A precariedade, abandono (em vários aspectos - isso há sete anos atrás) dos habitantes do "Santuário Ecológico do Tanquã" com a beleza natural que eles preservavam (preservam) e literalmente, a habilidade deles de viverem em comunidade.
Compreendi que o pouco que os moradores tinham para sua própria sobrevivência e de seus familiares, sabiam dar exemplos de partilha com seus vizinhos, o que faltava pra si próprio (principalmente alimentos), dividiam com os demais moradores. Como podiam combinar carência com belezas naturais, preservação? São humanos literalmente!


Qual a sua relação e sentimento com o bairro e os moradores do Tanquã?
Depois de sete anos de convivência, orientando-os, os encaminhado, erguendo-os e principalmente aprendendo muito com todos eles, posso dizer que a relação com o "Santuário Ecológico de Tanquã" é de IRMANDADE, CARINHO SINCERO E RECIPROCIDADE.


Você está sabendo que a barragem foi aprovada? Como você se sente em relação a isso, já que possui uma proximidade com os moradores?

Se isso realmente vier acontecer, será uma tragédia ecológica para o universo e para os habitantes do Tanquã.
Primeiramente deverão indenizá-los corretamente e justamente, encaminhá-los dignamente, (eles vivem e sabem exercer a profissão de pesca); enfim, dar todas as condições humanas, principalmente a financeira e conservá-los no mesmo local onde nasceram e fizeram suas famílias. Até eu fico muito abalada e prejudicada, em pensar somente que aquilo tudo se tornará um piscinão de luxo pra minoria.
É a mesma situação de desapropriar uma aldeia indígena. É matar uma vida inteira de vidas que dedicaram, conservaram e preservaram sua aldeia, hábitos, tradições. Assim estão fazendo com os moradores do santuário ecológico de Tanquã e comigo também. Dói, machuca só de pensar. Choro agora, perdão.

NÃO SERÁ JUSTO SOMENTE COMPENSAR ECOLOGICAMENTE.

TEM QUE HAVER HONESTAMENTE A "CONTRAPARTIDA" DESSA LAMENTÁVEL HIDROVIA.

E o meio ambiente que os ribeirinhos, pescadores e suas famílias criaram, vivem, nutrem, cuidam, preservam, laços familiares, amor ao local? Como ficará? Não são só 31 famílias, é a cidade de Piracicaba – SP. É Brasil. Universo.
Tem sim que ser compensados e muito bem compensados.
Se existe o "mini pantanal do estado de São Paulo, é por que também houve quem preservou, amou, arou a terra. Agora vem o governo excluir esse pedaço do paraíso que eles nutrem e tiram seus sustentos?

"Amigos verdadeiros são pra se guardar do lado esquerdo, direito e dentro do peito".



Reportagens do Jornal de Piracicaba sobre a Barragem.



Qual a participação da sociedade?




Visite o Tanquã: Um paraíso piracicabano.

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