Bairro Monte Alegre

    



A formação do bairro se fez pelos trabalhadores da usina, na maioria imigrantes, que começaram a   morar ao seu redor e formaram a colônia.
     Atualmente poucas casas preservam as características daquela época, sendo considerada uma das únicas vilas de colonos existentes no país.
     Em Piracicaba as terras da Usina Monte Alegre somaram 5.135,8 hectares ou 2.122,24 alqueires. Incluindo Rio das Pedras e Limeira (Iracemápolis), eram 8.990,8 hectares ou 3.715,24 alqueires de terras, sendo que mais da metade ocupada pela cultura da cana.
     Eram terras formadas por fazendas, pequenos sítios e, de maneira geral, interligadas por estrada de ferro e de rodagem. A moderna indústria açucareira fazia-se acompanhar por trilhos de estradas de ferro. E, para se avaliar o espírito desenvolvimentista de Pedro Morganti, os trilhos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro estavam a menos de um quilômetro da sede da Fazenda Taquaral, justamente na chamada Estação Taquaral. E a essa ferrovia ligava-se a estrada de ferro particular da Usina Monte Alegre. Em 1936, a usina tinha, em suas terras, 55 km. de estradas de ferro.

Locomotiva Construída na Usina Monte Alegre

      Em 1965, Monte Alegre era, ainda, uma comunidade rural pujante, organizada, com estrutura suficiente para lhe dar condições de vida dignas e adequadas. Naquele ano, segundo o estudo de Ilda Regitano, eram 3.089 os moradores da usina, sendo 1.709 pessoas na Usina Monte Alegre propriamente dita, 1.169 nas fazendas anexas de Bela Vista, Santa Joana, Santa Izabel, Varginha, Taquaral, Santa Rita e São Pedro, mais 211 em Macabá e Recanto.
      Formara-se – daquela Usina e daquela comunidade – também um bairro, o bairro de Monte Alegre, que se revelava exemplar num estilo de vida, em condições comunitárias dignas de educação, saúde, entretenimento e lazer. Eram, em 1965, 326 casas de trabalhadores, além de residências de superintendentes, chefes, encarregados de serviços, estas mais amplas e confortáveis.

 Usina Monte Alegre

     Católico com origens tradicionalistas italianas, Pedro Morganti fez questão de que, em suas propriedades, sempre houvesse uma capela. E os trabalhadores, a maioria deles também de origem italiana, ansiavam por manter viva essa fé católica. Em Monte Alegre – por decisão de Pedro Morganti e com a participação de famílias de moradores – surgiu , em 1936, a capela curada em homenagem a São Pedro, primeiro Papa da Igreja Católica. Em 1937, estava erguida – no alto da colina e voltada para os canaviais e para a usina – a Igreja de São Pedro, que acompanhava o mesmo estilo da igreja de São Frediano, de Lucca.
      Segundo Hugo Pedro Carradore, o projeto teria sido do engenheiro italiano Antônio Ambrote, que faleceu em São Paulo durante a construção da igreja. O acompanhamento da obra teria estado a cargo do engenheiro João Cirtes e, em seguida, de Ricardo Carderino. Depoimento colhido por Eugênio (Neno) Nardin, e também citado por Carradore, dá conta de ter sido Luiz Bocchetti o encarregado da obra, tendo João Foter como primeiro chefe dos pedreiros e João Batista Zinsly Sobrinho como chefe dos carpinteiros.
      A pintura da capela ficou a cargo do então “pintor de paredes” Antônio Volpi, italiano a quem, mais por ser italiano do que por ser pintor, Pedro Morganti dera o encargo. Volpi era, ainda, um desconhecido e sua arte não obtivera reconhecimento. Em Monte Alegre, a sua pintura encantou as pessoas sem que elas vissem a importância de uma obra que ali ficara impressa, na qual Volpi tivera o auxílio de dois pedreiros da usina, Vergílio Silva e João de Campos.
      A Capela de São Pedro era parte da Paróquia do Bom Jesus, onde era vigário Monsenhor Martinho Salgot. A pedido deste, em 4 de janeiro de 1937, D. Barreto (D. Francisco de Campos Barreto), Bispo de Campinas – a cuja diocese se vinculava Piracicaba – concedeu a licença para, na capela, realizarem-se ofícios religiosos.
      No ano de 2003, a Capela de São Pedro de Monte Alegre passa a ser de propriedade particular do empresário piracicabano Wilson Guidotti Júnior (Balu), que a restaura dentro do grande projeto que pretende implantar em áreas de Monte Alegre.

Capela de São Pedro

      Em Monte Alegre, não apenas se trabalhava ou se morava. Vivia-se. Era lema de Pedro Morganti, como senhor de engenho moderno e consciente: “Trabalhar, sim. Mas com saúde e recreações.” Assim, foi por incentivo do próprio Pedro Morganti que se criou o clube de futebol da comunidade, o União Monte Alegre Futebol Clube, o mitológico UMA, que foi celeiro de craques e no qual iniciou a carreira um dos grandes ídolos do futebol brasileiro, Baltazar, tido como um “deus-negro” corintiano. Em 23 de abril de 1923, estava criado o UMA, apenas dez anos após o surgimento do E.C.XV de Novembro de Piracicaba.
     O UMA foi um dos centros de união de Monte Alegre. Iniciando - se como clube de futebol, tornou-se, logo, uma entidade esportivo-recreativa agregando os moradores do local. Construiu - se a sede própria, canchas de bocha, salão de baile e a biblioteca. Como grande inovação para a época – e revelando, ainda outra vez, a visão de Pedro Morganti – adaptou-se um dos prédios para abrigar uma sala de cinema que passou a ser parte do lazer dos “montealegrinos”.


     Inicialmente, Monte Alegre tinha uma pequenina escola rural. As lembranças dos antigos mantêm a figura da “professorinha de roça”, vestindo guarda - pó, chegando de charrete para lecionar, trazendo seu próprio lanche. Depois, o Grupo Escolar, com classes atendendo em dois períodos e abrigando cerca de 350 crianças. É quando Pedro Morganti decide e inicia aquilo que irá fazer em todas as suas propriedades: ter a própria escola. E, em 21 de janeiro de 1927, cria-se o Grupo Escolar “Marquês de Monte Alegre”, em prédio da usina, inaugurado no dia 7 de fevereiro do mesmo ano.

Escola Marques de Monte Alegre

     À Monte Alegre de Pedro Morganti, embora uma comunidade rural, não faltou o conforto dos pequenos centros urbanos. As casas eram de boa construção, de tijolos, cobertas de telhas e servidas por rede de água tratada e esgoto, além de completas instalações elétricas. Apenas as fazendas Santa Joana, Santa Izabel e Bela Vista não possuíam instalações elétricas.
      Os moradores de Monte Alegre dispunham de armazém de fornecimento, padaria, farmácia, barbearia, torrefação de café, bar, cinema e até mesmo pensão. Pedro Morganti pretendera, na verdade, construir uma verdadeira cidade dentro de sua usina, a gloriosa Usina Monte Alegre.
      Quanto à saúde, nunca faltaram, à comunidade, recursos médicos. A Usina dispunha de um moderno ambulatório médico, inaugurado em 1942. Equipado com sala para pequenas cirurgias. Mesmo antes do ambulatório, o atendimento era efetivo, pontificando a dedicação de um médico que se tornou parte da história de Piracicaba, o dr. José Rodrigues de Almeida, tido como “anjo da guarda” daquela população. Em 1945, a usina passou a contar com um centro de puericultura, com serviço de higiene infantil, pré-natal e lactário. O prédio dispunha de quartos para pacientes, sala de operação, curativos e injeções, além de consultório médico e gabinete dentário. Tendo a sede da Usina como centro, realizavam- se trabalhos profiláticos em relação a enfermidades comuns à zona rural, além de exames médicos permanentes a todos os trabalhadores, da área industrial e rural, incluindo vacinas e abreugrafia.

Antiga Biblioteca Olavo Bilac

     A Casa principal era denominada "Casa da Fazenda" e, mais ao fundo, ficava a "Casa de Hóspedes", cirdundadas por um enorme e belo jardim.

Casarão da Familia Morganti

     Quanto à saúde, nunca faltaram, à comunidade, recursos médicos. A Usina dispunha de ambulatório médico, inaugurado em 1942. Mesmo antes do ambulatório, o atendimento era efetivo, pontificando a dedicação de um médico que se tornou parte da história de Piracicaba, o dr. José Rodrigues de Almeida, tido como “anjo da guarda” daquela população. Em 1945, a usina passou a contar com um centro de puericultura, com serviço de higiene infantil, pré-natal e lactário. O prédio dispunha de quartos para pacientes, sala de operação, curativos e injeções, além de consultório médico e gabinete dentário. Tendo a sede da Usina como centro, realizavam- se trabalhos profiláticos em relação a enfermidades comuns à zona rural, além de exames médicos permanentes a todos os trabalhadores, da área industrial e rural, incluindo vacinas e abreugrafia.

Centro Odontologico

Centro de Puericultura




Álbum de Fotos


Bibliografia:
CARRADORE, Hugo Pedro. Monte Alegre Ilha do Sol.
          Ed. Shekinah, 1996
Webgrafia: A Provincia - http://migre.me/6e94t

Fotos:
Paulo Celso Bassetti
Danilo Chequito
Alexandre Torres

9 comentários:

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  2. Puxa que saudades, fui vizinho do Paulo Basseti e amigo de seu filho, brincamos e estudamos juntos, um dia voltarei a morar lá, este é meu sonho.

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  3. Boa tarde!
    Feliz hj em encontrar a historia do bairro.
    Fiz um passeio recente pelo local e me senti avida de informações que no momento as pessoas não a tinham em profundidade.
    Agradecida estou agora pelas informações aqui obtidas.

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  4. Sou guia de turismo e histórias são sempre bem vindas para agregar. Na minha infância também frequentei bastante o Monte Alegre. Os carnavais ótimos. Saudades do Monte Alegre e dos bons momentos que pude viver lá.

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  5. Ola como faço para entrar em contato. pois estou reunindo documentos para cidadania italiana e meus bisavôs trabalharam na usina, então gostaria de saber sobre documentos da época por favor...
    meu contato.
    Meus antenatos eram...
    Pedro Schiavon
    Judith Schiavon
    Silvestre Schiavon

    Eduardo Schiavon
    (19)981809198
    eschiavo1@hotmail.com

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  6. Parabéns pelo relato, não sou cidadão piracicabano mas esse é um bairro que chama a atenção pelas suas construções históricas

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  7. Puxa, lendo a história da fazenda Monte Alegre, é uma volta ao meu passado. Filho do Sr Antonio Gomes, trabalhador da Fazenda Bela Vista, depois na Fazenda Macabá. Tive meu primeiro Registro em Carteira como ajudante, percorrendo lugares e fazendas com os formados Agrimensores. Bons tempos que não voltam mais !!

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  8. Eu sou Elenilda da Cruz filha do Lázaro da Cruz que foi tratorista por 29 anos na usina. Morei na Santa Rita e depois fui para vila retiro. Um pouco antes do recanto. Estudei do 1ao4ano na escola..simplesmente maravilhosa

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